Eis meia dúzia de alegres koi 鯉, carpas japonesas. Mais especificamente, nishikigoi 錦鯉, variedades coloridas utilizadas para embelezar lagos em parques públicos ou em jardins particulares.
As carpas são originárias da China, e seus fósseis retrocedem a 20 milhões de anos, ao Mioceno, quarta época da era Cenozoica. Mutações genéticas naturais afloraram suas cores brilhantes e, a partir do início do século 19, piscicultores japoneses da prefeitura de Niigata 新潟県 passaram a procriá-las para fins ornamentais.
A simbologia da carpa muda de acordo com sua coloração. As pretas, por exemplo, estão associadas à figura do pai e representam persistência. As vermelhas são maternais e identificadas com o amor intenso, transcendental. As azuis, por sua vez, incorporam ideais de paz e tranquilidade.
Era uma vez um cardume de carpas crossfiteiras que resolveu nadar contra a correnteza do rio Amarelo 黄河 chinês até alcançar a cachoeira em sua cabeceira. Objetivo cumprido, a maioria regressou, porém um punhado permaneceu. Retroceder nunca, render-se jamais. Pegando impulso desde o fundo do rio, as carpas buscaram superar a queda d’água, sem sucesso. As tentativas chamaram a atenção dos demônios locais, que zombaram dos seus esforços e, por pura maldade, redobraram a altura da cachoeira. Após cem anos de saltos, uma das carpas foi capaz de transpor o obstáculo. Em reconhecimento por sua perseverança, os deuses a transformaram em um magnífico dragão dourado.
Artista: Tsukioka Yoshitoshi 月岡芳年 (1839-1892)
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