No período Edo 江戸時代 (1603-1868), o plano de carreira ideal para um garoto citadino de origens humildes começaria com sua contratação, aos 11 ou 12 anos de idade, por um armazém de secos e molhados, ocasião em que o jovem se encarregaria de tarefas diversas: varrer o chão, molhar a fachada para assentar a poeira, polir as travessas de tabaco e realizar serviços na rua. Enquanto isso, sempre que possível, aprenderia o manuseio do ábaco, da balança de precisão e das demais ferramentas necessárias ao negócio.
Após três anos, teria os conhecimentos testados e, caso aprovado, assumiria funções mais relevantes — atendimento ao cliente, por exemplo. Quatro anos depois, agora promovido a kodomogashira 子供頭, estaria encarregado de supervisionar os colegas mais jovens kohai 後輩. No ano seguinte, o adolescente de 17 ou 18 anos se submeteria à cerimônia de genpuku 元服, momento em que seria reconhecido como adulto. Suas responsabilidades, que já não eram poucas, se multiplicariam. Na falta de algum item do armazém, uma peça de tecido que fosse, cabia ao rapaz procurá-la por dias a fio sem se permitir o luxo de dormir.
Oito anos mais tarde, as primeiras férias — generosos seis meses — e a promoção a hanbai-in 販売員, vendedor. Outros seis anos e novas férias. Caso o funcionário demonstrasse disciplina e talento, aos 35 ou 36 anos conseguiria ser alçado a gerente. Mais alguns anos e estaria autorizado a se afastar do cargo e estabelecer uma filial. Por fim, aos 45 ou 46 anos, tendo recebido as devidas bênçãos do patrão, era-lhe permitido casar.
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