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Chuta, que é macumba

Atualizado: 15 de out.

Xilogravura que evoca o hyakumonogatari kaidankai 百物語怪談会, em que os participantes deveriam se reunir à noite em um aposento onde queimariam velas. Histórias de assombrações — em japonês, kaidan 怪談 — seriam contadas e, ao término de cada, uma chama seria apagada. Aos poucos, a escuridão tomaria conta do ambiente e, instantes após a extinção do último lume, um fantasma supostamente apareceria.

As origens do passatempo são desconhecidas — acredita-se que, no início, era jogado entre os samurais, uma espécie de teste de coragem. Apesar de hyaku monogatari significar cem histórias, o número não era tomado ao pé da letra. A maioria dos encontros, aliás, jamais chegava à aludida centena, que apenas implicava um valor alto. No entanto, há uma particularidade com o número cem, detentor de simbologia própria. Tsukumogami 付喪神, por exemplo, são objetos inanimados que, após alcançar mágicos cem anos de existência, transformam-se em yokai 妖怪. Dessa forma, um século assume a função fronteiriça de limiar, além do ciclo de vida normal de um ser vivo ou objeto inanimado, porém não tão distante que permaneça além do alcance.

É a partir do número cem que o comum se torna incomum e o mundano transcende.

 

Imagem: Shinpan ukie bakemono yashiki hyaku monogatari no zu 新版浮絵化物屋鋪百物語の図 (c. 1790)

Artista: Katsushika Hokusai 葛飾北斎 (1760-1849)

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