A moça ajeita as sobrancelhas com o auxílio de um espelho de mão. Seu penteado tanajura é do tipo momoware 桃割, pêssego partido, bastante em voga entre as jovens da classe citadina. A solteirice é reforçada pelo quimono furisode 振袖 de aprendiz de feiticeiro, com mangas super longas.
No destaque, um envelope com maquiagem em pó, um pincel e uma tigela de porcelana cheia de kuchibeni 口紅, ruge labial posteriormente transformado em bastão — ou batom. Os versos iniciais do poema, shichiji no daimoku, podem ser interpretados de duas maneiras.
Maneira um: o daimoku de sete caracteres 七字の題目
Daimoku, glória ao Sutra do Lótus, é a expressão repetida à exaustão pelos devotos da seita budista Nichiren 日蓮仏教. Namu myoho renge kyo 南無妙法蓮華経. Sete ideogramas.
Maneira dois: o daimoku das sete horas da manhã 七時の題目
Dependendo do kanji utilizado, o ji de shichiji no daimoku pode ser lido como caractere 字 ou hora 時. Assim, o sentido subjacente da imagem seria o de que a moça desperta ao badalar dos sinos do templo — ou dos antigos relógios carrilhões, já presentes nas residências da elite da época — e se apressa em ficar toda bonita para a primeira oração do dia.
Título: Gozen shichiji 午前七時
Série: Mitate chuya nijuyo ji no uchi 見立昼夜廿四時之内 (1890)
Artista: Toyohara Kunichika 豊原国周 (1835-1900)
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