Por Juliana Maués
Os primeiros vestígios da tatuagem japonesa podem ser situados ainda no período Jomon 縄文時代 (13.000 a.C. – 300 a. C.). Estatuetas de argila com formato humano, agrupadas sob o nome dogu 土偶, traziam na superfície pequenas ranhuras intencionalmente escavadas. Nos conseguintes períodos Yayoi 弥生時代 (300 a.C. ‒ 300 d.C.) e Kofun 古墳時代 (250‒538 d.C.), uma nova categoria de figuras humanas, identificadas como haniwa 埴輪, igualmente apresentam marcações. No caso, não mais ranhuras, mas decorações em formato de linhas e pontos sobre o rosto.
As marcas nas dogu e haniwa podem estar relacionadas a tatuagens, pinturas corporais ou escarificações. Embora não seja possível afirmar de modo irrevogável qual das três alternativas se trate, elas indicam a existência de um apreço por práticas de decoração corporal, o que é reforçado por escritos chineses sobre o povo do país de Wa, nome pelo qual designavam o território japonês. A primeira menção está em Qian Han shu 前漢書, Livro de Han, finalizado em 111 d.C., e várias outras se seguiram a ela. Durante a Antiguidade japonesa, a tatuagem seria não apenas ornamento e marca de grupo, mas também elemento de superstição, rito de passagem e parte de um vocabulário simbólico.
A tatuagem também figura nos clássicos Nihon shoki 日本書紀 e Kojiki 古事記, porém já consta como prática segmentada, restrita a condenados, membros de minorias étnicas e aos grupos mais baixos da sociedade.
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