10 BORBULHAS DA DEVOÇÃO
a árvore prefere a inércia, mas o vento insiste em soprar
a pessoa quer ser boa aos pais, porém estes estão mortos
Jiang Shi era um filho como poucos e viveu na dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) chinesa. Sua esposa, joia rara, nutria pela sogra zelo similar.
A anciã tinha lá suas peculiaridades. Desgostava da água do poço, preferindo a dos rios, refrescada pela correnteza e de sabor realçado. Também apreciava peixes recém pescados. Toda gourmet, ela.
O único empecilho era que o rio mais próximo ficava a uns bons dez quilômetros. Assim, tão logo o sol rompia, marido e mulher percorriam a longa distância, balde na mão e vara de pesca às costas. Ninguém jamais reclamou da faina, pelo contrário: sentiam-se realizados por proporcionar felicidade à mãe. Ademais, convidavam todas as senhoras da vizinhança para acompanhá-la nas refeições, de modo a alegrar o ambiente.
E assim os anos se passaram. Até que, certo dia, uma fonte esguichou nos fundos da residência, e o sabor da sua água era idêntico à dos rios. Como se não bastasse, todas as manhãs um par de carpas saltava das profundezas da fonte.
O casal nunca mais necessitou percorrer extensos trajetos para servir à mãe.
o filho, quanta devoção
a nora, dedicação tamanha
carpas irrompiam à aurora
da fonte que jorrou no quintal
Imagem: Kyoshi 姜詩
Série: Nijushiko doji kagami 二十四孝童子鑑 (1840)
Artista: Utagawa Kuniyoshi 歌川国芳 (1798-1861)
Imagem: Kyoshi 姜詩
Série: Morokoshi nijushiko 唐土廾四孝 (1853)
Artista: Utagawa Kuniyoshi 歌川国芳 (1798-1861)
Imagem: Kyoshi 姜詩
Série: Morokoshi nijushiko 唐土廾四孝 (1848)
Artista: Utagawa Kuniyoshi 歌川国芳 (1798-1861)
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