Criada na década de 1880 para a edição 43 do periódico Tokyo Shinbun 東京新聞, a imagem apresenta um gato de rabo curto segurando um rato pela cauda. Até então, o bicho se divertia observando a presa se contorcer pela vida, porém o roedor acabou por se resignar e aceitar seu destino, o que fez o gato, agora entediado, voltar a atenção para a lua no céu.
Quando, e de que forma, os gatos alcançaram o Japão é um mistério. De início, os felinos foram comercializados como relíquias preciosas, porém, em meados do século 12, já se encontravam dispersos e ronronantes por todo arquipélago.
Apesar de a sociedade japonesa conviver há muito com raposas e texugos, os gatos, originários de terras distantes, possuíam uma aura particular. Combine isso com os hábitos noturnos, a capacidade de alongamento que desafia as leis da física, a habilidade para se deslocar sem emitir sons, as pupilas que mudam de formato conforme o estado de espírito, os choques emitidos quando acariciados, a desobediência e o desprezo aos tutores, a tendência a lamber sangue, as unhas retráteis e os dentes pontiagudos.
Eis a receita para uma criatura mágica.
Artista: Kawanabe Kyosai 河鍋暁斎 (1831-1889)
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