Empoleirada na extremidade de um feixe de ripas, a criança observa o monte Fuji. No lado oposto, um pescador isca o anzol enquanto seu colega arremessa a linha no rio onde madeiras são transportadas para os centros urbanos. As cinco embarcações se dissolvem à distância contra uma parede quase uniforme de juncos, testemunho de que Hokusai violava intencionalmente a perspectiva em prol do efeito conjunto.
No período Edo 江戸時代 (1603-1868), os vilarejos incrustados nas montanhas e as aldeias pesqueiras contribuíam de forma significativa para o aquecimento do mercado interno. Além de cultivar amoreiras para a manufatura de papel, os montanheses se embrenhavam nas florestas em busca de madeira a ser utilizada não apenas como lenha e carvão vegetal, mas também matéria-prima para a construção de moradias, móveis e utensílios domésticos. Nos vilarejos situados ao longo de cursos d’água, onde era possível flutuar as madeiras rio abaixo, a população plantava ciprestes.
Nas aldeias pesqueiras, por sua vez, o desenvolvimento da pesca costeira acarretou em maior variedade de peixes e frutos do mar à mesa, além de óleo de baleia e farinha de peixe, essenciais nas colheitas como defensivos agrícolas e fertilizantes. Nas regiões litorâneas onde o mar era tranquilo, os aldeões se dedicavam à produção de sal marinho.
Título: Rochu ikada no Fuji 蘆中筏の不二
Série: Fugaku hyakkei 富嶽百景 (1834)
Artista: Katsushika Hokusai 葛飾北斎 (1760-1849)
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