Em um dia gelado do inverno de 1707, o monte Fuji explodiu no catastrófico Hoei jishin 宝永地震, terremoto da era Hoei 宝永 (1704-1711), o maior da história japonesa, superado apenas pelo higashi Nihon daishinsai 東日本大震災, grande terremoto da região de Tohoku 東北地方, em 2011.
Não houve derramamento de lava, é verdade. Mas, para compensar, a erupção lançou ao ar 800 milhões de metros cúbicos de cinzas vulcânicas, e brasas foram cuspidas sobre uma área de1,6 quilômetro de raio. O Fuji ainda expeliu imensas quantidades de areia, que cobriram amplas áreas entorno. A população empilhou a areia, porém a chuva fez com que escorresse para rios como o Sakawa 酒匂川, tornando-os mais rasos e provocando inundações. O sismo, e os tsunamis decorrentes, destruíram 29 mil residências e ultrapassaram 5 mil mortes.
Na imagem, é madrugada. Fragmentos de rocha despencam do céu como meteoros, contudo a força verdadeira vem de baixo, das entranhas da Terra, e projeta ao ar três camponeses e utensílios cotidianos diversos — enxadas, vasos, tinas e almofarizes. Alguns indivíduos, assim como um cavalo, encontram-se presos nos escombros. Os remanescentes se esforçam em conduzir idosos, mulheres e crianças para um improvável local seguro.
Título: Hoeizan shutsugen 宝永山出現
Série: Fugaku hyakkei 富嶽百景 (1834)
Artista: Katsushika Hokusai 葛飾北斎 (1760-1849)
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