A persistente neve se acumula no Zojoji 増上寺, templo da seita budista Jodo-shu 浄土宗 localizado em Shiba 芝, Tóquio 東京. São distinguíveis três mulheres e uma criança, todas protegidas por guarda-chuvas já descoloridos de branco. De vermelho latejante, impossível ignorar o sangedatsumon 三解脱門, principal portal de acesso ao recinto sagrado, indício de vida em meio à infértil paisagem gris. Os pinheiros em primeiro plano, por sua vez, emolduram a cena e impelem a atenção ao Zojoji.
Estabelecida em 1175, a escola do budismo da terra pura Jodo-shu tem como alicerce os ensinamentos do monge Honen 法然 (1133-1212), que ingressou no monastério administrado pelo tio aos 9 anos, após testemunhar o trágico assassinato do pai. Adulto, Honen arrebanhou discípulos de estratos sociais diversos, em especial mulheres, à época excluídas do budismo considerado sério. Dentre as fiéis, pescadoras, mergulhadoras, videntes e prostitutas. Honen tampouco discriminava as menstruadas, banidas por serem consideradas impuras. Tal conduta gerou descontentamento na elite de Quioto e obrigou o imperador Go-Toba 後鳥羽天皇 (1180-1239) a decretar, em 1207, o exílio de Honen e alguns discípulos. Uma sorte, se considerar que parcela dos seguidores acabou executada.
Completam a série de doze xilogravuras, publicada entre 1933 e 1935: chuva em Ginza e costa de Shinagawa, floresta Suijin e parque Ueno, ponte Benkei e santuário Nezu, templo Asakusa Kannon e viela Yotsuya, Yanagibashi, lua sobre o parque Hibiya e templo Takanawa Sengakuji.
Série: Tokyo fukei 東京風景 (1933-35)
Título: Zojoji no yuki 増上寺の雪 (1933), Hibiya no tsuki 日比谷の月 (1933), Benkeibashi 弁慶橋 (1933), Takanawa Sengakuji 高輪泉岳寺 (1933), Asakusa Kannondo 浅草観音堂 (1933), Ginza no ame 銀座の雨 (1933), Sumidagawa Suijin mori 隅田川水神森 (1934), Yanagibashi 柳橋 (1934), Nezu jinja 根津神社 (1934), Yotsuya Araki yokocho 四ツ谷荒木横町 (1935), Shinagawa oki 品川沖 (1935), Ueno koen 上野公園 (1935)
Artista: Tsuchiya Koitsu 土屋光逸 (1870-1949)
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